Há animais que nunca se adaptam à vida num canil. Há neles uma ansiedade, um desespero, uma tristeza que nunca acabam.
Quando, ao fim do dia, tudo está já em sossego no abrigo, e os cães, na sua maioria, se recolheram e aconchegam nas camas, os olhos inquietos deles – dos que, sabemos, nunca vão conformar-se – seguem, entre as grades, a última figura humana, a encaminhar-se para o portão.
Esta é a Babuska. Nunca se adaptou à vida na União Zoófila. Sofreu cada dia de cada mês de cada ano que passou connosco. Demos-lhe uma cama, alimento, água e afecto. Mas temos perfeita consciência de termos sido incapazes de confortá-la.
O dia chegou e a Babuska foi adoptada. Tomara que um dia assim chegue para tantos cães que esperam tantos anos na União Zoófila.
Passaram mais de dois anos desde que a Babuska foi adoptada.
Sim, esta é a Babuska, a nossa ‘rapariga das sardas’. E já não é a nossa Babuska. Não é porque o que vemos nos olhos dela nunca antes víramos. E é bom. É muito bom ver lá a confiança. Não mais, nunca mais, o desespero.
Muito. muito, muito, muito obrigada aos adoptantes!
Sê feliz, Ba. Para sempre.
Não compre, adopte! Adopte com responsabilidade e ponderação. Para sempre. Há milhares de animais à espera.