Parece ser tudo uma questão de liberdade económica: a liberdade de fazer dinheiro criando cães num país, o nosso, onde cem mil animais são abatidos anualmente porque são excedentários, e a liberdade de comprar cães. Mas não é. Não, não é. É uma questão de ética.
Os primeiros a chegar aos canis e associações foram os Husky – idosos e grande parte deles com Leishmaniose. Porque alguém tinha tido a liberdade de comprar um cão, no caso, um cão de uma raça característica dos climas frios, mesmo se em Portugal a temperatura sobe além dos 40 graus centígrados no Verão. E depois teve a ‘liberdade’ de abandoná-lo, levando-o ao abate nos canis municipais e a um fim de vida em solidão nas associações.
E agora são os cães Bulldog. Num mês, conhecemos a Lolitá, branca, e a Quimbalina, preta.
A Lolitá tem anemia, todos os ossinhos da coluna bem salientes , Leishmaniose e insuficiência renal crónica. A Quimbalina apresenta uma obstrução nos ouvidos, que pode ser de origem tumoral.
Quer uma quer outra são seniores. Alguém as vendeu por 500 ou 600 euros. Alguém as comprou por 500 ou 600 euros. E agora foram ambas deixadas para trás, como se nada valessem. Estão doentes.
Podemos pedir ajuda para tratá-las. Podemos mostrá-las. Podemos pedir-vos que falem delas, na tentativa de proporcionar-lhes um final de vida decente.
Mas há aqui qualquer coisa profundamente errada: por que razão são as associações, ou, neste caso específico, a União Zoófila, já tão penalizadas num país onde os animais são tratados como electrodomésticos estragados, a assumir os ‘prejuízos’ de um negócio que dá tanto dinheiro a ganhar a tantos?
Não tenham dúvidas, amigos: para nós a Quimbalina e a Lolitá são como os outros 800 cães e gatos ao cuidado da União Zoófila. São as duas amorosas. São as duas frágeis. Merecem as duas uma idade sénior sem sobressaltos e em conforto. O nosso problema não é com elas. Tudo faremos para tratar delas, na medida das nossas tão parcas possibilidades. Não fazemos diferença entre raças.
Mas é claro que há aqui um problema. Um problema grave. E urge resolvê-lo. Tomamos aliás a liberdade, porque também a temos, de sugerir que os criadores possam assumir alguma responsabilidade sobre a vida futura dos animais que vendem. (É que não é só dinheiro, senhores. É muito, muito, muito mais. São vidas.)
Amigos, neste momento, a Lolitá e a Quimbalina estão sob a responsabilidade da União Zoófila. Podem conhecê-las no abrigo e também, se puderem, ajudar-nos a ajudá-las. Ambas precisam de cuidados médico-veterinários.
Se tiver condições para adoptar alguma delas, uma vez estabilizadas, contacte [email protected]
Não compre, adopte!
Adopte com responsabilidade e ponderação. Para sempre.