Em cima apresenta-se a Gin. Em baixo, o Kol, que agora se chama Tokyo. Foram ambos adoptados há cerca de um ano, quando eram bebés bem pequeninos, na União Zoófila. O Tokyo é amado. A Gin foi devolvida esta semana.
A família do Tokyo escreveu-nos a dizer:
“O Tokyo é o meu melhor amigo, tornou-se num rapaz extremamente inteligente e que gosta tanto de humanos como dos outros cães, faz amizades muito facilmente e adora brincar com tudo e todos. Já se encontra castrado e com todas as vacinas em dia.”
Já a Gin foi devolvida ao canil “porque é possessiva”.
Pega-se num bebé, dá-se-lhe tudo e mais alguma coisa, menos educação, permite-se-lhe este mundo e outro, porque é pequenino e fofinho. O bebé cresce e já não tem este mundo e o outro. O que fora um bebé quase do tamanho de uma mão reclama o que antes lhe tinham dado. Não sabe que isso já não é ser giro. É ser possessivo.
O Tokyo e a Gin podiam ser irmãos. Têm personalidades muito parecidas. São activos, brincalhões, divertidos. Mas tiveram famílias muito diferentes.
O Tokyo teve sorte.
A Gin não.
A Gin foi escolhida por uma família tão perfeita, tão exemplar que não concebe sequer que um cão possa não ser perfeito. Esta família perfeita e exemplar divertiu-se durante um ano com cão bebé, cansou-se, devolveu-a a uma boxe, fechou a porta e foi-se embora.
Deus ou quem quer que seja nos livre de gente com este nível de ‘perfeição’.
Diz-se que até para ser cão é preciso ter sorte. Se a vida fosse um bolo-rei, o Tokyo tinha ficado com o brinde. E a Gin com a fava.
Mas ela tem esperança. É bela. Tem um ano. É super-brincalhona. Enche de beijos todas as caras que encontra. E está disponível para adopção na União Zoófila.
Pessoas que têm de si uma imagem tão extraordinária (e tão profundamente errada), que não toleram qualquer imperfeição nos outros, não poderão adoptar a Gin. Deixem os cães ao cuidado da União Zoófila em paz. Deixem em paz todas as criaturas vivas, por obséquio!
Pessoas imperfeitas e capazes de amor e responsabilidade, a Ginny é a orelhuda linda na imagem em cima e foi tratada como se fosse nada. Não é justo. É preciso que encontre uma família tão imperfeitamente amorosa como ela.
Muito, muito obrigada à família do Tokyo!