Dissemos-lhe que hoje é Dia do Gato. Ele respondeu que fôssemos à esquina a ver se ele estava lá.
Insistimos. Hoje é Dia do Gato, Elvis. Ele mandou-nos ir ver se chovia. Respondemos que não, que estava um lindo dia de sol, embora ventoso, e era todo, inteirinho, do Gato.
O Elvis lá interrompeu a sesta e olhou para nós com os olhos ainda semicerrados pelo sono.
Ah, sim? Hoje é Dia do Gato? Então e ontem? E amanhã? E depois de amanhã? E anteontem? E o dia antes de anteontem? E o dia depois de depois de amanhã. Gente estranha, a de duas pernas, que cria UM e não 365 Dia(s) do Gato.
Tentámos retorquir como pudemos. Que, sim, podíamos ser estranhos mas queríamos ser melhores.
Não o convencemos. Que isso de criar um dia para celebrar alguém servia apenas para, nos outros, poder tratar o mesmo alguém como uma coisa. O Elvis é gato, logo não é parvo.
De maneira que apenas nós, seres humanos da União Zoófila, celebramos o Dia do Gato.
Já o Elvis mandou dizer que quando o tirarem da jaula onde vive e lhe derem uma casa e uma família, poderá, eventualmente, rever a sua posição de princípio sobre o Dia do Gato.
E depois virou-se de barriga para cima e adormeceu.
O Elvis está disponível para que o conheçam e adoptem na União Zoófila. Não gosta dos outros gatos. Tem de ser gato único. Mas gosta dos seres humanos. Mesmo dos que celebram o Dia do Gato.
Dias de adopção de gatos na União Zoófila são as terças-feiras e os domingos, entre as 14h00 e as 17h00. Contacto: [email protected]