A Maia morreu.
Os cadáveres dos amigos que morrem na União Zoófila são incinerados.
Não temos onde chorá-los. Mas isso também não é o mais importante. Importante é fazermos por eles tudo o que podemos enquanto estão vivos.
A Maia morreu.
Não sabemos onde está agora. Se tivéssemos podido enterrá-la, escreveríamos na sua lápide o que o poeta inglês Byron escreveu sobre o seu cão, Boatswain:
‘Perto daqui estão depositados os despojos daquele que possuía beleza sem vaidade, força sem insolência, coragem sem ferocidade, e todas as virtudes do Homem sem seus vícios.’
Também a Maia possuía beleza sem vaidade, força sem insolência, coragem sem ferocidade.
Até logo, amiga,
(A Maia foi acolhida na União Zoófila quando estava moribunda, deitada no meio de uma estrada. Tratámos dela. Esteve connosco perto de dois anos. Muitos animais são profundamente infelizes no abrigo. Não entendem por que lá estão. No caso da Maia, isso não aconteceu. Arriscamos dizer que provavelmente a doce Maia nunca foi tão feliz. Porque era amada. Temos muitas, muitas saudades dela.)